ENVOLVENTE SUCESSAGEM [Capítulo #13] – Fugindo na calada da noite
MISTIANE:
Eu preciso que você me ajude! Dona Sarityellen tem um plano terrível
e precisa ser desmascarada!
CLEONIÇA PIPOQUEIRA:
Mas como eu posso te ajudar, menina Mistiane? Sou só uma pipoqueira.
MISTIANE:
Fala a verdade… você tá vendendo pipoca fiado como nunca, não é
mesmo?
CLEONIÇA PIPOQUEIRA:
Pior que é…
MISTIANE:
E VAI FICAR PIOR!!! Dona Sarityellen vai fugir da cidade levando o
dinheiro do seguro! E te digo mais: foi ela quem pôs fogo na fábrica
de camisinhas!
CLEONIÇA PIPOQUEIRA:
Jesus Maria José!
MISTIANE:
O Halvarino me confessou tudo algumas horas antes de morrer. Não
duvido que Dona Sarityellen tenha participação na morte do pobre
coitado!
CLEONIÇA PIPOQUEIRA:
Mas o quê que eu vou fazer para te ajudar, Mistiane?
MISTIANE
(tira um cacareco do bolso): Gruda isso aqui no carro de Dona
Sarityellen. É um transmissor via satélite. Quando ela fugir,
saberei onde ela está. Eu vou pegar essa mequetrefe no pulo!
Enquanto isso, na cadeia…
Risoleta fica cantarolando e rebolando
na cela, toda sensualosa:
RISOLETA:
Senta no colo do DJ, senta no colo do DJ… em menos de 10 segundos,
tu vai chamar ele de rei! ♪ ♫
DELEGADO DEL RÊGO:
A senhorita pode cantarolar mais baixo, por favor!?
RISOLETA:
Ai, nossa! Ninguém mais aqui na cela tá reclamando.
DELEGADO DEL RÊGO:
Não tem mais ninguém nessa cela.
RISOLETA:
Mais uma razão pra eu cantar! Se eu não parar de cantar você vai
fazer o quê, gatão? Me prender? Rsrsrs…
DELEGADO DEL RÊGO:
Não quer parar de cantarolar, não para! Mas quanto mais você
cantar, mais eu vou ficar nervoso!
RISOLETA:
Adoro homem brabo!
DELEGADO DEL RÊGO:
Eu tô falando sério!
RISOLETA
(toda insinuante): Ai, delegato… eu não consigo parar de cantar. A
não ser que eu esteja com a boca cheia. Beeeeem cheeeeeia. Tipo, com
alguma coisa bem grossa e corpulenta ocupando a boca toda até a
portinha da garganta… rsrs…
DELEGADO DEL RÊGO:
Para, Risoleta… por favor!
RISOLETA
(ainda insinuante): Por quê, delegato… prefere outra portinha, é?
Rsrsrs… tudo bem, essa aí eu libero depois da primeira.
Delegado Del Rêgo fica doido de
vontade de se render aos ~encantos~ de Risoleta, mas se controla.
A noite cai, a cidade dorme. É hora
de Dona Sarityellen colocar seu plano em prática. Mal sabe que
Cleoniça Pipoqueira colocou um transmissor em seu carro.
DONA SARITYELLEN:
Anda logo, moleque enrolado! Nem parece que chegou esses dias do
exterior! É só pegar o que ainda ficou na mala e sair vazado.
Amanhã a gente compra um banho de loja e você se livra desses
trapos!
RODOLFO REGINALDO:
Calma aí, mãe! Já tô terminando saporra…
DONA SARITYELLEN:
Esse bando de pobretões acorda na hora que a gente vai dormir. Não
podemos facilitar!
RODOLFO REGINALDO:
Eu posso passar num lugar antes da gente ir embora?
DONA SARITYELLEN:
NÃO!!!! Ò.ó
RODOLFO REGINALDO:
Mas eu vou passar mesmo assim…
DONA SARITYELLE:
Menino desobediente duma figa!!! Pior que aprendeu foi comigo mesmo…
eu adorava desobedecer meu pai. Foi mau aluno em tudo nessa vida, mas
minha desobediência aprendeu direitinho. É pra lascar!
Rodolfo Reginaldo vai se aproximando
da delegacia como quem não quer nada. Ao entrar, dá de cara com
Risoleta, no chão da cela, só de meia-calça e toda descabelada. E
o Delegado Del Rêgo, ao lado dela, só de cueca. Ambos cochilando.
RODOLFO REGINALDO:
Mas o que é isso!
DELEGADO DEL RÊGO
(assustado): Secretário de Segurança!?
RODOLFO REGINALDO:
Quê? Não, não… sou eu, Rodolfo Reginaldo, filho da Dona
Sarityellen. Eu vim para pagar a fiança da Risoleta, mas já vi que
estou atrapalhando alguma coisa… já estou indo embora!
RISOLETA:
NÃÃÃÃOOOO!!!! Pode voltar aqui, riquinho mijoleta! Achei que cê
nunca ia voltar de tão mijão que é, mas já que tá aqui, pode
pagar minha fiança sim, viu!
RODOLFO REGINALDO:
Não sei se você tá merecendo… Ò.ó
RISOLETA:
Ooooolha, que se você me pagar a fiança, eu te pago outras coisas…
rsrsrs… e eu pago muito bem, viu!
Rodolfo Reginaldo fica ouriçado com o
que ouve, enquanto o Delegado Del Rêgo, com cara fechada, termina de
se vestir.
DELEGADO DEL RÊGO:
Eu não sabia que vocês estavam com dinheiro para pagar fianças…
RODOLFO REGINALDO:
Pois é, Delegado… é tanta coisa entre o céu e a terra que a
gente não sabe, não é mesmo?
Rodolfo Reginaldo paga a fiança de
Risoleta. Os dois saem da delegacia e Dona Sarityellen os espera com
o carro estacionado. Na verdade, ela só espera por seu filho, que
havia passado uma tremenda de uma lorota. Ela nem desconfiava que ele
sairia do xilindró acompanhado pela espevitada Risoleta.
DONA SARITYELLEN
(enquanto os dois entram no carro): OOO QUÊÊÊ!!!??? Você vai
levar essazinha com a gente!?
RISOLETA
(sem se importar muito): Patroinha, olha só… quem diria que um dia
eu entraria no banco de trás de um carro com a senhora dirigindo,
não é? Rsrsrs…
DONA SARITYELLEN:
Que disparate!
RODOLFO REGINALDO:
Ou ela vai ou eu também não vou, mamãe! A condição é essa.
RISOLETA:
Ai, que moral! E eu ainda nem fiz anal… rsrsrs…
DONA SARITYELLEN:
Eu não aceito essa situação, Rodolfo!
RODOLFO REGINALDO:
Então pode ir sem a gente!
DONA SARITYELLEN (engatando
uma primeira e arrancando dali com os dois): DROGA! Você me paga com
essas suas chantagens emocionais, moleque!
RISOLETA:
Gente, eu tô no meio de uma fuga! Ai, que luxo! Rsrsrs…
No outro dia, poucas horas após o
amanhecer…
A prefeita Fafécia corre desesperada
pelas ruas de Vila dos Bairros e chama todos para a escutarem no
coreto da praça. A galera se aglomera.
Fafécia, totalmente apavorada, dá o
diagnóstico:
FAFÉCIA:
Cidadãos de Vila dos Bairros, não posso esconder de vocês que nós
sofremos um golpe muito duro durante a noite! A Dona Sarityellen,
empresária do ramo camisinhístico que tanto amamos, pegou o
dinheiro do seguro da fábrica e FUGIU DE NOSSA CIDADE!!!
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E agora? Conseguirá a pacata Vila dos
Bairros sobreviver com toda a população vivendo como dançarinos de
funk? E até onde Dona Sarityellen será bem-sucedida? Não perca as
respostas desses questionamentos no emocionante próximo capítulo de
ENVOLVENTE SUCESSAGEM!
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